sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Terapia celular: uma possibilidade ainda distante

Muito se fala sobre as células-tronco e a revolução que poderiam causar na medicina regenerativa. Mas pouco se sabe ainda sobre a real aplicação que estas células poderão ter na área médica. O assunto foi tema de discussão durante o XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), que acontece até sábado, dia 8, em Curitiba. O ponto principal do debate foi a necessidade de cautela ao tratar do assunto. Ao mesmo tempo em que é preciso publicar artigos científicos para expor os resultados de pesquisas, é essencial deixar claro para o público leigo que são estudos ainda iniciais.

“Hoje, a terapia celular mais promissora é a utilizada no tratamento de doenças cardíacas”, diz Marcelo Pasquini, médico brasileiro que atua no Center for Internacional Blood and Marrow Transplant Reserarch (CIBMTR), nos Estados Unidos. Também na área vascular os estudos têm tido resultados promissores.

Mas Pasquini lembra que as células-tronco hematopoéticas são utilizadas pelos hematologistas há muito tempo, no transplante de medula óssea. “À exceção do setor de transplante, existem poucos estudos de sobrevida, mesmo relacionados aos pacientes tratados de doenças cardíacas. Ou seja, não sabemos como a terapia celular funciona nem se realmente o efeito benéfico existe”, afirma. Tanto para doenças cardíacas quanto vasculares – e diabetes, que também vem sendo tratado experimentalmente –, o processo é feito usando aspirado de medula. O médico retira as células-tronco da medula óssea do paciente e faz a infusão no coração ou no local afetado. Porém, na medula óssea existem vários tipos de células-tronco e os especialistas ainda não sabem quais as que tem efeito benéfico sobre cada tipo de doença.

“O sucesso do transplante acontece porque usamos as células-tronco hematopoéticas, específicas para regeneração da medula”, explica Marco Antonio Zago, coordenador do Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto e presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O procedimento para obter células-tronco específicas de outros órgãos é muito complexo, daí a dificuldade dos pesquisadores. A terapia celular vem avançando sim, mas na velocidade em que as pesquisas são realizadas e comprovadas. “A divulgação para a sociedade é mais rápida do que o avanço dos estudos”, alerta Pasquini. Por isso, nada de pensar em células-tronco como um milagre que vai revolucionar a medicina em curto prazo. É preciso esperar, analisar os resultados positivos e negativos, para depois termos esperança."

Fonte: www.inca.gov.br

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