segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Despertar Inadvertido

O despertar inadvertido durante a anestesia (DIDA), ocorre quando um paciente sob o anestesia geral se torna consciente de algum ou de todos os eventos durante a cirurgia ou um dado procedimento e tem a recordação direta daquele(s) evento(s). Por causa do uso rotineiro dos relaxantes neuromusculares durante a anestesia geral, o paciente é frequentemente incapaz de comunicar-se com a equipe cirúrgica se esta complicação ocorrer.

A freqüência do DIDA encontrada em estudos múltiplos varia entre 0,1 e 0,2 por cento de todos os pacientes que submetem-se a anestesia geral.(1,2,3) Levando-se em conta que a administração do anestesia geral chega a 21 milhão (oes) pacientes anualmente nos Estados Unidos, a ocorrência de 20.000 a 40.000 casos da DIDA por ano preocupa bastante. Pacientes tiveram recordações auditivas (48 porcento), sensação de não poder respirar (48 porcento), e dor (28 porcento).(1)
Acima de 50 por cento destes pacientes experimentaram algum tipo de estresse mental no pós anestésico e um certo número deles teve sintomas de síndrome do stress pós traumático.(2,3) Alguns pacientes descrevem estas ocorrências como sua "pior experiência dentro de um hospital," e outras assumiram a determinação de nunca mais submeterem-se outra vez à cirurgia.

A incidência da DIDA é maior nos pacientes em que a dose do anestésico geral teve que ser menor e titulada com cuidado para diminuir efeitos colaterais significativos, por exemplo, pacientes hemodinamicamente instáveis. Os procedimentos identificados como tipicamente desta categoria são as cirurgias cardíacas, obstétricas e do trauma.(4)
Fatores que contribuem ao risco de DIDA incluem o uso crescente da utilização exclusiva de agentes venosos em oposição aos inalatórios e a superficialização prematura da anestesia no fim dos procedimentos, a fim de facilitar a liberação da sala cirúrgica.

Monitorar pacientes sob o anestesia geral para impedir o DIDA pode ser encarado como um desafio. Apesar de uma variedade de métodos de monitorização disponíveis, o DIDA é difícil de reconhecer quando ocorre. Os indicadores fisiológicos típicos e da resposta motora, tal como a pressão arterial elevada, a taquicardia ou o movimento, ou as mudanças hemodinamicas são mascaradas frequentemente pelo uso de agentes paralisantes, usados para conseguir o relaxamento muscular necessário durante o procedimento, bem como a administração simultânea de outras drogas necessárias à manutenção do paciente, tal como betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio.


Para superar as limitações de métodos atuais para detectar o DIDA novos métodos estão sendo desenvolvidos, menos afetados pelas drogas usadas tipicamente durante o anestesia geral. Estes dispositivos medem a atividade do cérebro melhor que respostas fisiológicas. Estes dispositivos de eletroencefalografia (EEG) (chamados também monitores do nível de consciência, do nível de sedação ou de profundidade de anestesia) incluem o Índice de Bispectral (BIS)®, freqüência spectral da borda (SEF) e monitores medianos de freqüência (MF). Estes dispositivos podem ter um papel em impedir e em detectar o DIDA nos pacientes com risco mais elevado, minorando a incidência da complicação. Ainda não há evidências suficientes para definir definitivamente o papel destes dispositivos em detectar e em impedir o despertar durante a anestesia; a Joint Commission espera estudos adicionais e mais conclusivos sobre o tema. Em sua revisão do índice Bispectral (o monitor de BIS)®, o Food and Drug Administration determinou que o "uso do BIS ajuda a guiar a administração anestésica e pode ser associado com a redução da incidência de despertar com recordação de eventos em adultos, durante a anestesia geral e/ou sedação."

O profissional da anestesia deve frequentemente pesar os riscos psicológicos do despertar durante anestesia contra os riscos fisiológicos de anestesia excessiva em muitas circunstâncias médicas críticas. A Joint Commission pediu à ASA (American Society of Anesthesiologists) e à AANA (American Association of Nurse Anesthetists) para dirigirem a adequação das práticas de monitoração atuais a respeito dos níveis do anestesia, includo aqueles que envolvem quase nenhuma sustentação tecnológica.

fonte: www.anestesiologia.com.br

0 diagnósticos: