terça-feira, 22 de setembro de 2009

Broca e o nascimento da moderna Neurocirurgia

As conquistas essenciais para o desenvolvimento da neurocirurgia moderna foram o avanço da cirurgia geral, especialmente a anestesia e a anti-sepsia, e a teoria das localizações cerebrais1.

Morton (1819 – 1868), em 1846, introduziu a anestesia com éter e, em 1847, Simpson (1811 – 1870) introduziu o clorofórmio. Entretanto, a anestesia não resultou em aumento significativo do número de cirurgias devido ao problema da infecção pós-operatória.

Na década de 1860, Lister (1827 – 1912), usando a teoria dos germes de Pasteur (1822 – 1895), introduziu a anti-sepsia, que viria transformar a prática cirúrgica pela redução da infecção pós-operatória. Isso possibilitou o alargamento das indicações cirúrgicas, abrindo caminho para o desenvolvimento das especialidades cirúrgicas, como a neurocirurgia. Os trabalhos de Lister sobre anti-sepsia iniciaram-se em 1867, mas só se difundiram a partir de 1870.

A versão moderna da teoria das localizações cerebrais iniciou-se com Pierre Paul Broca (1824 – 1880), anatomista, cirurgião e antropólogo francês. Em 1861, ele correlacionou o fenômeno clínico da afasia de expressão com o achado patológico de lesão da porção posterior do giro frontal inferior2. Sua idéia de uma “frenologia das circunvoluções” é o conceito original das localizações cerebrais em oposição à frenologia de Gall (1758 - 1828). Mas o impacto deste conhecimento ocorreu somente a partir de 18703,4.

A observação de Broca sobre a afasia popularizou o conceito de que funções corticais específicas poderiam ser localizadas na superfície do cérebro. Esta idéia trouxe nova importância aos giros cerebrais e Broca foi um dos pioneiros a fazer descrições precisas da anatomia cortical4.

Broca foi ainda o primeiro a interpretar as perfurações nos crânios incas pré-colombianos como sendo praticadas cirurgicamente e a descrever o homem de Cro-Magnon5,6. Introduziu o conceito de lobo límbico7.

O trabalho de Broca que o liga ao desenvolvimento da neurocirurgia é pouco conhecido. São de sua autoria os trabalhos pioneiros de correlação dos sulcos e giros cerebrais com a convexidade craniana (topografia cranioencefálica) para orientar a via de acesso a determinado alvo cirúrgico8,9,10. No início da neurocirurgia esse conhecimento era de grande importância em virtude da ausência de localização das lesões intracranianas por exames de imagem. O diagnóstico anatômico, baseado em sintomas e sinais, orientava o acesso cirúrgico graças ao conhecimento da topografia das áreas funcionais do encéfalo em relação à abóbada craniana.

A partir de 1861, após a identificação do centro da linguagem articulada, Broca inicia o estudo da topografia cranioencefálica (relação das diversas partes da superficie encefálica com a abóbada craniana)8,10. Definiu e nomeou a maioria dos pontos craniométricos. Para estabelecer as relações destes pontos com os da convexidade encefálica, perfurou o crânio de cadáveres nos referidos pontos craniométricos e introduziu pelos orifícios hastes de madeira. Depois de retirada a calota, permaneciam as hastes implantadas no cérebro. Eram então medidas as distâncias que separavam as hastes dos principais sulcos e giros. Broca determinou assim a distância entre os principais sulcos e as suturas e pontos craniométricos.

Broca enunciou a importância cirúrgica potencial da afasia no sentido de localizar uma lesão intracraniana na região da porção posterior do giro frontal inferior (área de Broca). Até essa época, as intervenções sobre o crânio se resumiam ao tratamento de fraturas cranianas com afundamento ou de abscessos associados a estas fraturas. O local da intervenção sobre o crânio era indicado apenas pela lesão do osso ou dos tecidos moles que o recobrem.

Broca, em 1871, aplicou a teoria das localizações cerebrais e os dados da topografia cranioencefálica no diagnóstico de lesão intracraniana seguida de intervenção cirúrgica. Pela primeira vez, a localização de lesão intracraniana invisível foi seguida de intervenção neurocirúrgica. O paciente apresentava quadro de afasia expressiva, indicando lesão giro frontal inferior esquerdo. Sobre o crânio ele demarcou a extremidade distal deste giro em um ponto a 2 cm acima e a 5 cm atrás da apófise orbitária externa (figura 2). Através de orifício de trefina centrado neste ponto foi retirado um abscesso extradural. O paciente apresentou melhora temporária, mas faleceu poucos dias depois10.

A figura 2 mostra que a área da linguagem, como delimitada por Broca, projeta-se logo atrás da extremidade inferior da sutura coronária. Isso corresponde aos achados de Rowland11 de que o terço inferior da sutura coronária corresponde à parte triangular do giro frontal inferior, situando-se logo atrás desta sutura a parte opercular do giro frontal inferior (área de Broca; área 44 de Brodmann).

Na década de 1880, a teoria das localizações cerebrais foi associada à anti-sepsia e à anestesia, marcando o nascimento da moderna neurocirurgia.

O trabalho de Broca (1861) sobre a determinação das localizações cerebrais, foi seguido pelas observações neurológicas de Charcot (1825 – 1893), Gowers (1845 - 1915) e Jackson (1835 – 1911), especialmente quanto à representação da área motora, possibilitando o início da cirurgia de remoção dos tumores encefálicos previamente localizados pelo exame neurológico12,13.

A partir das manifestações das crises convulsivas focais, Jackson concluiu pela representação motora nos hemisférios cerebrais. Explicou a marcha da crise parcial pela difusão da energia a partir da lesão focal e deduziu que a seqüência dos movimentos involuntários indica a posição da área excitável sobre o córtex motor.

A primeira evidência experimental de localização cortical da função motora foi apresentada por Fritsch (1838 – 1891) e Hitzig (1838 – 1907) em cães, em 1870. Com a estimulação elétrica obtiveram diferentes movimentos em diferentes locais do córtex, demonstrando que diferentes áreas do cérebro têm funções diferentes.

A partir de 1873, Ferrier (1843 – 1928) iniciou os experimentos sobre a estimulação do córtex em macacos para testar as teorias de Jackson (1835 – 1911) e os resultados de Fritsch e Hitzig. Em 1876, publicou The functions of the Brain14 com estudo das localizações de funções cerebrais. Nesta obra, que teve grande impacto sobre a neurocirurgia nascente, o autor ressalta a importância da teoria das localizações cerebrais e da topografia cranioencefálica para o tratamento cirúrgico das lesões encefálicas. Assim, ele ampliou a aplicação à neurocirurgia dos conceitos de localizações cerebrais, agora com maior número de topografias funcionais conhecidas.

Macewen (1848 – 1924), em 1879, combinou o conhecimento da localização da área motora com a anti-sepsia de seu professor Lister e realizou duas craniotomias com sucesso, uma para tratar hematoma subdural e outra para tumor (meningioma)15,16. Em 1888, relatou 21 casos de abscesso cerebral, com 18 recuperações17. Ele foi, portanto, o primeiro cirurgião geral praticante da moderna neurocirurgia. Horsley, por ter devotado a maior parte de sua vida produtiva à cirurgia do sistema nervoso, é considerado como o primeiro neurocirurgião18. A obra de Cushing (1864 - 1939) nas primeiras décadas do século XX consolidou definitivamente a nova especialidade1.

Em conclusão, Broca associou os conhecimentos da localização da função da linguagem (para fazer o diagnóstico topográfico da lesão cerebral) e da topografia cranioencefálica (para delimitar o local da abertura craniana), ambos elaborados por ele mesmo, em 1861, e, em 1871, aplicou-os ao tratamento de uma lesão intracraniana. Deu assim, o primeiro passo para o nascimento da moderna neurocirurgia, merecendo o título de precursor desta especialidade.

Fonte: Sociedade Brasileira da história da Medicina

domingo, 20 de setembro de 2009

Brasil produzirá vacina pneumocócica contra pneumonia e meningite

Acordo entre Fiocruz e multinacional GSK define ainda uma ação inédita em pesquisa e desenvolvimento de vacinas contra dengue, febre amarela inativada e malária vivax

O Ministério da Saúde dá mais um passo para reduzir a dependência tecnológica no setor e impulsionar a indústria farmacêutica nacional. Nesta segunda-feira, 17 de agosto, firmou acordo de transferência de tecnologia com a empresa inglesa GlaxoSmithKline (GSK) para a produção da vacina pneumocócica conjugada, que protege contra a pneumonia e meningite por pneumococo. O imunizante será fabricado no Laboratório Biomanguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz – Rio) a partir do próximo ano. Ele protege contra meningite bacteriana, pneumonia e otite média aguda e entrará no Programa Nacional de Imunizações já em 2010.

“Com essa incorporação, o PNI, que é um programa de largo reconhecimento mundial, avança, se consolida e qualifica cada vez mais. Hoje, essa vacina está acessível apenas a quem pode pagar cerca de R$ 500 no mercado privado, para proteger cada criança. A partir do próximo ano, estará disponível gratuitamente no SUS”, disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante a solenidade de assinatura do acordo.

Estima-se que a incorporação da vacina pneumocócica conjugada no SUS contribuirá para evitar a morte de 10 mil crianças por ano. A imunização se configura, assim, como mais um instrumento para que o Brasil acelere a redução da mortalidade em crianças com menos de cinco anos e cumpra antecipadamente uma das metas dos Objetivos do Milênio, estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde.

A Fiocruz entregará a cada ano 13,1 milhões de doses da vacina, quantidade suficiente para imunizar os 3,2 milhões de bebês que nascem a cada ano.

DESENVOLVIMENTO DE NOVAS VACINAS - Além da incorporação da nova vacina ao PNI e da transferência gradual de tecnologia para produção no Brasil, o acordo firmado entre a Fiocruz e a GSK define ainda uma parceria para a instalação, na Fiocruz, de plataformas para pesquisa e desenvolvimento de vacinas contra dengue, a febre amarela inativada e a malária vivax. “Isso é absolutamente inovador, pela primeira vez uma instituição como a Fiocruz e um laboratório privado multinacional vão trabalhar juntos em fases pré-clinicas para o desenvolvimento de vacinas relacionadas a doenças do interesse do Brasil e que são importantes do ponto de vista de morbidade e de mortalidade no país”, afirmou o ministro.

A primeira etapa dessa parceria consistirá no desenvolvimento tecnológico de vacina para dengue com o investimento de R$ 92,5 milhões por parte da GSK, sem contar com a contrapartida do governo brasileiro.
A iniciativa fortalece o Complexo Industrial da Saúde, uma das frentes de trabalho da atual gestão do ministério voltada à auto-suficiência tecnológica no setor. As ações nessa área têm como objetivo reduzir para US$ 4,4 bilhões o déficit comercial da indústria farmacêutica e de equipamentos em saúde e desenvolver tecnologia para a produção local de 20 produtos estratégicos do Sistema Único de Saúde até o fim de 2012.

POTENCIAL NACIONAL – Nesse contexto, a indústria de vacina é um dos setores mais bem colocados. O país é o maior produtor da América Latina, com a fabricação de mais de 260 milhões de doses a cada ano. O Brasil caminha para se tornar auto-suficiente no setor, uma vez que as empresas locais respondem por 90% das doses distribuídas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). De um total de 26 tipos de vacinas oferecidos pelo programa, 15 são fabricadas em laboratórios brasileiros. As 11 restantes – que correspondem a 10% do total de doses distribuídas a cada ano – são importadas.

Com o desenvolvimento no setor, o Brasil será o único país da América Latina a produzir a vacina contra Influenza A (H1N1), em um contexto de pandemia e corrida mundial pelo produto. Apenas um pequeno grupo de laboratórios, concentrado nos Estados Unidos e Europa, detém tecnologia e estrutura fabril para produzir a vacina.

O Ministério da Saúde fechou a compra de 18 milhões de doses, que serão produzidas pelo Instituto Butantan, que também faz a vacina contra a gripe comum. O método de fabricação da vacina contra a nova gripe é muito parecido com o da vacina contra a gripe sazonal. O Instituto Butantan adquiriu essa tecnologia por meio de acordo com a Sanofi Pasteur, cuja transferência tecnológica termina e 2011.

INVESTIMENTO – O Ministério da Saúde investirá R$ 1 bilhão na compra e produção de vacinas em 2009.

Outros R$ 200 milhões estão destinados para o aumento da capacidade de produção e desenvolvimento de novas vacinas. Entre elas, a pneumocócica – do recente acordo firmado com a GSK, o aprimoramento da vacina contra febre amarela e uma vacina combinada contra leishmaniose e raiva canina.

A vacina penumocócica combinada será a quinta produzida no Brasil a partir de cooperação científica e tecnológica com outros países. O Ministério da Saúde firmou acordos com empresas estrangeiras para a produção, por exemplo, da tríplice viral – que protege contra sarampo, rubéola e cachumba, e da própria vacina contra a gripe sazonal.

No caso da nova parceria, o processo de transferência tecnológica termina em 2017, quando o Laboratório de Biomanguinhos passará a dominar todas as etapas, tornando-se auto-suficiente na produção. O acordo prevê ainda o desenvolvimento de vacinas para dengue, febre amarela e malária. O laboratório brasileiro e a GSK terão patente compartilhada nos resultados alcançados com esse trabalho.

O Laboratório de Biomanguinhos da FioCruz é um dos principais produtores de vacinas do país. Junto com o Instituto Butantan, de São Paulo, responde por 75% da produção nacional de doses. Os dois produzem 13 tipos de vacinas dos 15 fabricados no país. Os outros dois tipos são produzidos pela Fundação Ataulpho de Paiva, no Rio de Janeiro, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), no Paraná. Essas instituições produzem a BCG e a anti-rábica canina, respectivamente.

Por que investir em vacinas?

O investimento em vacinas é estratégico para o país. O Brasil tem uma população de 190 milhões de pessoas e 3,2 milhões de crianças que nascem a cada ano. Por isso, demanda grandes quantidades de doses de vacinas. Seria altamente vulnerável ao sistema de saúde do país ser dependente de importação desses insumos. Isso porque o mercado internacional, muitas vezes, é afetado por situações políticas e econômicas, o que torna muito difícil a aquisição imediata de imunobiológicos, sobretudo em grandes quantidades como a que o país necessita.

Complexo Industrial da Saúde (CIS)

Esta frente tem o intuito de impulsionar a indústria farmacêutica nacional e de equipamentos de saúde para diminuir a dependência do Brasil em relação a esses produtos. Entre as suas metas está o desenvolvimento de tecnologia para a produção local de 20 produtos estratégicos do SUS até 2013.

Em 2008, o setor de saúde representou 8% do Produto Interno Bruto (PIB) e movimentou R$ 160 bilhões da economia do país. Cerca de 10% da população brasileira ativa têm vínculo empregatício com o setor.

O mercado farmacêutico nacional movimenta R$ 28 bilhões, com alta taxa de crescimento anual, colocando-se entre os 10 maiores do mundo. Mas esses números podem ser ainda mais altos futuramente, com a Política de Desenvolvimento Produtivo, conduzida pelo Ministério da Indústria e Comércio e Desenvolvimento (MDIC) e que tem como um dos braços o Complexo Industrial da Saúde.

Na década de 1990, com a abertura do mercado às empresas estrangeiras, a indústria de saúde nacional ficou enfraquecida, com isso, o déficit na balança comercial acumulado cresceu de US$ 700 milhões ao ano no final dos anos 80, para US$ 7,13 bilhões em 2008 acumulado. O Brasil tornou-se extremamente dependente de produtos com maior densidade de conhecimento e tecnologia. Por exemplo, somente em 2008, o Brasil importou US$ 1,4 bilhões em vacinas, soros e hemoderivados e exportou US$ 37 milhões em produtos de baixo valor agregado.

Mudar este cenário, no entanto, requer investimentos, melhorar qualidade dos produtos oferecidos para que possam ser mais competitivos, melhorar a estrutura das indústrias e fazer parcerias público-privadas. Em troca, serão gerados mais empregos no país.

Outras informações
Atendimento à Imprensa
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Fonte: Ministério da Saúde

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

URGENTE: Assassinos Dinamarqueses!

....Dinamarca, vergonha Mundial!

Até onde os atos de um povo podem ser considerados cultura???

O mar se tinge de vermelho, entretanto não é devido aos efeitos climáticos da natureza.


Se deve a crueldade com que os seres humanos (ser civilizado) matam centenas dos famosos e inteligentíssimos Golfinhos Calderon.
Isso acontece ano após ano na Ilha Feroe na Dinamarca. Deste massacre participam principalmente jovens. Por que? Para demonstrar que estes mesmo jovens já chegaram a uma idade adulta, estão maduros...

Em tal celebração, nada falta para a diversão. TODOS PARTICIPAM DE UMA MANEIRA OU DE OUTRA, matando ou vendo a crueldade “apoiando-a como espectador”.

Cabe mencionar que o golfinho calderon, como quase todas as outras espécies de golfinhos, se aproxima do homem unicamente para interagir e brincar em gesto de pura amizade.

Eles não morrem instantaneamente, são cortados uma ou duas vezes com ganchos grossos. Nesse momento os golfinhos produzem um som estridente bem parecido ao choro de um recém-nascido.

Mas sofre e não há compaixão até que este dócil ser se sangre lentamente e sofra com feridas enormes até perder a consciência e morrer no seu próprio sangue.

Finalmente estes heróis da ilha, agora são adultos racionais e direitos, já demonstraram sua maturidade.


Basta!!!
Vamos ficar parados vendo isso também???
Isso nos transformaria em cúmplices, ESPECTADORES.

Passe esta mensagem a quem puder, organizações em defesa dos animais ou algum órgão que possa fazer algo a respeito.

Cuide do mundo, ele é sua casa!


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Fix you - Consertar você

Lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa letra desta música!!!




Consertar você - Coldplay

Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você tem o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso ao contrário

E quando as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas não dá certo
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar te consertar

Bem lá em cima ou embaixo
Quando você está tão apaixonado para se libertar
Mas, se você nunca tentar, nunca saberá
exatamente qual é o seu valor

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar te consertar

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas escorrem pelo seu rosto e eu
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Eu te prometo que aprenderei com meus erros
Lágrimas escorrem pelo seu rosto e eu

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar te consertar

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Decisão do STJ impede utilização e meios cruéis em sacrifício de animais

10/09/2009 - Decisão da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determina que eliminação de animais em Centro de Controle de Zoonose não seja feita de modo cruel. Em situações extremas em que o sacrifício de animais seja imprescindível para proteger a saúde humana, deverão ser utilizados métodos que amenizem ou inibam o sofrimento dos animais.

O entendimento da Segunda Turma foi firmado em julgamento de recurso interposto pelo município de Belo Horizonte (MG), que recorreu ao STJ contra acórdãos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O caso envolve o sacrifício de cães e gatos apreendidos por agentes públicos para o controle da população de animais de rua. O Centro de Controle de Zoonose atua com o objetivo de erradicar doenças como a raiva e a leishmaniose, que podem ser transmitidas a seres humanos.

O ministro relator Humberto Martins reconhece que, em situações extremas, como forma de proteger a vida humana, o sacrifício dos animais pode ser necessário. No entanto, conforme entendeu o TJMG em seus acórdãos, devem ser utilizados métodos que amenizem ou inibam o sofrimento dos animais, ficando a cargo da administração a escolha da forma pela qual o sacrifício deverá ser efetivado.

Humberto Martins chama a atenção para o limite dessa discricionariedade, ao se referir ao posicionamento do TJMG: “Brilhante foi o acórdão recorrido quando lembrou que não se poderá aceitar que, com base na discricionariedade, o administrador público realize práticas ilícitas ”, afirmou Humberto Martins. No caso, Humberto Martins avalia que a utilização de gás asfixiante pelo Centro de Controle de Zoonose do município é medida de extrema crueldade, que implica violação do sistema normativo de proteção dos animais, não podendo ser justificada como exercício do dever discricionário do administrador público. O município mineiro sustentou que o acórdão do TJMG, ao decretar que deve ser utilizado outro expediente para sacrificar cães e gatos vadios, como a injeção letal (entre outros que não causem dor ou sofrimento aos animais no instante da morte), teria violado de forma frontal o princípio da proibição da reformatio in pejus (impossibilidade de haver reforma da decisão para agravar a situação do réu).

Ao avaliar a alegação, Humberto Martins, considerou que não houve gravame maior ao município. Para o ministro, os acórdãos apenas esclareceram os métodos pelos quais a obrigação poderia ser cumprida. “O comando proferido pelo tribunal de origem, em dois acórdãos, é bastante claro: deve o município, quando necessário, promover o sacrifício dos animais por meios não cruéis, o que afasta, desde logo, o método que vinha sendo utilizado no abate por gás asfixiante ”, esclareceu o ministro.

Na avaliação do relator, o tribunal de origem apenas exemplificou a possibilidade da utilização da injeção letal, sem, contudo, determinar que essa seria a única maneira que atenderia ao comando da decisão. Ao contrário, o TJMG abriu espaço para outros meios, desde que não causassem dor ou sofrimento aos animais. Entre sua argumentação, o município alegou ainda que, nos termos do artigo 1.263 do Código Civil, os animais recolhidos nas ruas – e não reclamados no Centro de Controle de Zoonose pelo dono, no prazo de 48 horas – , e os que são voluntariamente entregues na referida repartição pública, são considerados coisas abandonadas. Assim, a administração pública poderia dar- lhes a destinação que achar conveniente.

Ao avaliar a argumentação do município, o ministro Humberto Martins apontou dois equívocos: primeiro, considerar os animais como coisas, de modo a sofrerem a influência da norma contida no artigo 1.263 do CC; segundo, entender que a administração pública possui discricionariedade ilimitada para dar fim aos animais da forma como lhe convier.

A tese recursal, na avaliação de Humberto Martins, colide não apenas com tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Afronta, ainda, a Constituição Federal, artigo 225, parágrafo 1 º , VII; o Decreto Federal n. 24.645/34, em seus artigos 1° e 3°, I e VI; e a Lei n. 9.605/98, artigo 32.

- Recomendação da OMS

Muitos municípios buscam o controle de zoonoses e da população de animais, adotando, para tal, o método da captura e de eliminação. Tal prática era recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu Informe Técnico n. 6, de 1973.

Após a aplicação desse método em vários países em desenvolvimento, a OMS concluiu ser ele ineficaz, enunciando que não há prova alguma de que a eliminação de cães tenha gerado um impacto significativo na propagação de zoonoses ou na densidade das populações caninas. A renovação dessa população é rápida e a sobrevivência se sobrepõe facilmente à sua eliminação.

Por essas razões, desde a edição de seu 8 º Informe Técnico de 1992, a OMS preconiza a educação da comunidade e o controle de natalidade de cães e gatos, anunciando que todo programa de combate a zoonoses deve contemplar o controle da população canina como elemento básico, ao lado da vigilância epidemiológica e da imunização.

Ocorre, porém, que administrações públicas alegam a falta de recursos públicos para adotar medidas como vacinação, vermifugação e esterilização de cães e gatos de rua. A eliminação dos animais aprendidos acaba ocorrendo por meio de câmara de gás.

Fonte: Portal do Superior Tribunal de Justiça - Processos: Resp 1115916

Resposta...

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 13 de setembro de 2009

Homens têm 77% mais chances de desenvolver câncer

Em média, os homens têm 77% mais chances de desenvolver câncer do que as mulheres. A conclusão é de levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), que chegou a esse número fazendo uma conta que excluiu os cânceres relacionados com o sexo do paciente: próstata, mama, ovário e útero. O próprio coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto, responsável pelo levantamento, se surpreendeu. “A gente não esperava encontrar tanta diferença. É um dado alarmante", afirmou Cláudio Noronha.

O INCA também descobriu que a probabilidade de um homem morrer de câncer é 85% maior do que entre as mulheres.

Mas não existe razão biológica para isso. Homens adoecem e morrem mais de câncer porque se expõem mais aos fatores de risco da doença, como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, dieta desequilibrada (rica em gorduras e pobre em fibras) e sedentarismo.

"No Brasil hoje, a prevalência de tabagismo é o dobro entre os homens do que entre as mulheres. Os homens se expõem ao consumo de bebidas alcoólicas quase três vezes mais do que as mulheres", explica Noronha.

Para reduzir a chance de surgimento do câncer, deve-se reduzir o consumo de alimentos conservados com muito sal (picles, peixes salgados, charque, carne de sol); bebidas e alimentos muito quentes; pães e cereais mofados que contém uma toxina chamada aflatoxina; gordura animal; carnes enlatadas; churrasco; e embutidos, como presunto, salame e salsicha.

Também importante é adotar hábitos saudáveis, como comer pelo menos cinco porções de frutas, verduras e legumes todos os dias e fazer atividade física.

Fonte: INCA

sábado, 12 de setembro de 2009

Um pouquinho de mim... Aniver do meu "namorido"

Algumas fotinhos... Enjoy!!! :)










segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Medicina no Brasil Colonial

O espanhol Mestre João (João Faras ou João Emeneslau), cirurgião del-rei e cosmógrafo (astrônomo) foi o primeiro médico a pisar terras brasileiras, mas como observador dos astros na frota de Cabral.

Tomé de Sousa trouxe o cirurgião-mor Jorge Valadares, que residiu em Salvador até 1553.

Com Duarte da Costa chegou o primeiro físico-mor, Jorge Fernandes. Afonso Mendes, novo cirurgião-mor, acompanhou Mem de Sá.

O médico e cirurgião Luis Gomes Ferreyra (ou Luís Gomes Ferreira), radicado em Sabará MG, foi autor do Erario Mineral (1735) (foto ao lado), um dos primeiros livros de medicina do Brasil Colonial.

João Antônio Mendes, cirurgião-mor do reino em Minas Gerais, publicou um guia prático de medicina caseira, Governo de Mineiros (1770).

As Santas Casas de Misericórdia mais antigas do Brasil são: a Santa Casa de Olinda, que já funcionava em 1540; a de Santos, instalada em 1543; e a da Bahia, criada em 1549. Seguiram-se outras, como as do Rio de Janeiro, do Pará e de São Luís do Maranhão.

Considera-se que os primeiros hospitais do Brasil Colônia são: o hospital da Venerável Ordem Terceira da Penitência, fundado em 1648, e o da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, de 1733, ambos no Rio de Janeiro; o hospital de Nossa Senhora do Paraíso e São João de Deus, erguido em 1684 no Recife pelo governador D. João de Sousa; e o de São João de Deus, anterior a 1728, instalado em Cachoeira, na Bahia.

Fonte: História da Medicina

Hoje, resgatei um ser humano!!!


Os seus olhos encontraram os meus, enquanto ela caminhava pelo corredor olhando apreensivamente para dentro dos canis.

Imediatamente, senti sua necessidade e sabia que tinha de ajudá-la. Abanei minha cauda, não tão entusiasticamente para não assustá-la.

Quando ela parou em frente ao meu canil, tampei sua visão para que não visse o que eu tinha feito, no canto de trás.

Não queria que ela soubesse que ninguém ainda havia me levado para um passeio lá fora.
Às vêzes, os funcionários do abrigo estão muito ocupados e não gostaria que ela pensasse mal deles.

Enquanto ela lia as informações a meu respeito, no cartão pendurado na porta do canil, eu desejava que ela não sentisse pena de mim, por causa do meu passado.

Só tenho o futuro pela frente e quero fazer diferença na vida de alguém.

Ela se ajoelhou e mandou beijinhos para mim. Encostei meus ombros e minha cabeça na grade, para confortá-la. As pontas de seus dedos acariciaram meu pescoço; ela estava ansiosa por companhia.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e, então, elevei uma de minhas patas para assegurá-la de que tudo estaria bem.

Logo, a porta de meu canil se abriu e o seu sorriso era tão brilhante que, imediatamente, pulei em seus braços.

Prometi mante-la em segurança. Prometi estar sempre ao seu lado. Prometi fazer todo o possível, para ver aquele sorriso radiante e o brilho em seus olhos.

Tive muita sorte dela ter vindo até o meu corredor. Há ainda tantas pessoas por aí, que nunca caminharam pelos corredores... Tantas para serem salvas... Pelo menos, pude salvar uma.

Hoje, resgatei um ser humano.

Fonte: Pet Feliz

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

História da Cirurgia Plástica

Em nosso entender, existem quatro fatores determinantes da evolução da cirurgia em geral e naturalmente, da Cirurgia Plástica.

São eles: necessidade, aspectos culturais, conhecimento anatômico e sucesso.

A necessidade sempre existiu. Desde a presença do homem na Terra, ocorreu o trauma, a lesão corporal e a patologia cirúrgica. Em determinados momentos ela aumenta, principalmente com as guerras e o aprimoramento de armas capazes de agredir em maior escala, como as armas de fogo a partir do Renascimento e as fabulosas máquinas de guerra do nosso século.

Os aspectos culturais (religiosos, sociais ou políticos) foram importantes, pois eles permitiram ou não, a realização de cirurgia, facilitando ou dificultando se desenvolvimento. Também possibilitaram ou impediram o avanço dos estudos anatômicos.

O conhecimento anatômico foi condição vital para o avanço da cirurgia, pois conhecendo o corpo humano adequadamente, o médico teve possibilidade de atuar nele com menor probabilidade de erro. Os estudos anatômicos estiveram presentes em algumas culturas, é bem verdade, como na Índia do segundo milênio a.C., mas é a partir do Renascimento, no século XVI, que tomaram impulso definitivo, principalmente, com Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius, este, com sua obra “De Humani Corporis Fabrica”, publicada em 1543, marco inicial da anatomia moderna.

O sucesso foi a condição que fez com que a cirurgia passasse a ser vista como um meio de tratamento e não mais como última alternativa. Foi ele que possibilitou a visão mais natural do procedimento principalmente por parte do paciente e da sociedade. Ele vai estar presente em percentual maior a partir dos estudos de Pasteur em meados do século passado e com a anti-sepsia cirúrgica idealizada por Lister em 1865.

Antes desse período, o insucesso, em grande parte das vezes com óbito do paciente, era freqüente. Cabe lembrar, todavia, que a Cirurgia Plástica, neste ponto levou vantagem, pois atuando em superfície e em órgãos com boa irrigação e conseqüentemente boa defesa, oferecia menor risco ao paciente.

Com base nessa premissa, fica fácil compreender a evolução da Cirurgia Plástica.

Em culturas como a babilônica, assíria e egípcia realizavam-se cirurgias, entretanto, havia penalidades para o insucesso. O rei Hamurabi da Babilônia formulou o primeiro código de leis da história das civilizações por volta de 1750 ªC. e nele regulamentava tudo, inclusive a atividade médica com castigos que variavam desde lesões corporais até a morte do cirurgião quando este falhava.

Nessas sociedades, as dissecções anatômicas não eram permitidas.

Contudo, o papiro de Edwin Smith (aprox. 2500 a.C.) é como que um “manual de cirurgia” fazendo referência a tratamento de fraturas mandibulares, nasais, cranianas, entre outros procedimentos cirúrgicos no Egito antigo.
Na Índia e China a cirurgia floresceu por volta do segundo milênio a.C. Na Índia principalmente, onde eram permitidas dissecções anatômicas e onde muitas tribos realizavam mutilações para estigmatizar os vencidos ou adúlteros como amputações nasais, auriculares e mesmo genitais, a cirurgia teve campo para desenvolver-se.

Sushruta, o mais famoso cirurgião indu, deixou em seu livro orientação para o preparo e dissecção de cadáveres assim como descrição de instrumentos e técnicas cirúrgicas, entre elas, a reconstrução nasal por retalho frontal, conhecida como retalho indiano e tida como a mais antiga referência escrita da especialidade.

No quinto século a.C. com o aparecimento de Buda na Índia, Lao Tse e Confúcio na China, com novos conceitos religiosos e filosóficos humanitaristas preconizando a preservação do corpo sem alterações para a vida pós-morte, a cirurgia declinou.

Na Grécia a medicina ganha o racionalismo e a ética. A religião não permitia dissecções anatômicas em cadáveres humanos, mas dissecavam-se animais. Hipócrates (século V a.C.) deixou descrições de inúmeros procedimentos relativos à Cirurgia Plástica como enfaixamentos, cuidados com a estética de curativos, e até mesmo preocupou-se com a calvície.

No século IV a.C., sob domínio macedônio, ocorre um fato interessante. Após a morte de Alexandre Magno em 323 a.C., aos 33 anos, vitimado por malária, o império dividiu-se entre seus generais. A Ptolomeu Soter coube o Egito e ele como governante permitia dissecções humanas “in vivo” nos indivíduos condenados à morte. Assim a medicina nesse período progrediu na anatomia e fisiologia, salientando-se nomes como Erasistrato, tido como o pai da fisiologia e Herófilo. Conseqüentemente a cirurgia da Escola de Alexandria foi desenvolvida.

Em Roma, as dissecções anatômicas também não eram permitidas pela religião mas como na Grécia, de quem ela absorveu também o conhecimento científico, dissecavam-se animais.

Celsus (século I d.C.) deixou inúmeras referências à cirurgia e à Cirurgia Plástica como realização de retalhos de pele, sutura e reconstruções nasais, auriculares e labiais em seu livro “De Re Medica” (Da medicina).
Galeno (século II d.C.) fez experimentos em animais, principalmente macacos, realizou também cirurgias reconstrutivas, tendo sido o mais famoso médico da Roma antiga.

A partir do V século com a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) a Europa mergulha em um caso social agravado por sucessivas invasões bárbaras. Guerreiros mais poderosos organizavam um feudo cercado por muralhas e ofereciam proteção aos menos favorecidos que se tornavam seus vassalos.

A religião passou a assumir todo o poder comi que em um retrocesso aos primórdios das civilizações. Assim, o interesse pela medicina e cirurgia declinou pois os problemas do homem podiam ser resolvidos só e tão somente pela religião.

Por um período de quase dez séculos o pensamento científico ficou praticamente estagnado restrito aos escritos deixados por Galeno e Hipócrates que foram guardados por monges nos mosteiros, principalmente Beneditinos.

Vale lembrar a presença dos árabes na Europa que lá estiveram por 700 anos e que tiveram o mérito de não destruir, ao contrário, guardar, estudar e enriquecer os conhecimentos hipocráticos e galênicos. Eles deram grande avanço à farmacologia, mas o corão não permitia a cirurgia, salvo em casos especiais.
Acredita-se, todavia, que por meio de sua ponte cultural, conhecimentos orientais, indús, passaram para o Ocidente.

No final da Idade Média havia médicos secretistas, ou seja, que guardavam o conhecimento de pai para filho e que realizavam reconstruções nasais. A mais famosa família secredista foi a dos Branca no Sul da Itália.

Por volta do século IX, à sombra dos mosteiros começam a nascer nas novas escolas médicas (Salerno, Montpelier) e pouco mais tarde as Universidades (Bologna, Pádua, etc....) e de maneira sigilosa iniciam-se dissecções anatômicas até que o Papa Sixto V as autorizasse em meados do século XVI.

Neste momento estamos em pleno Renascimento, os estudos anatômicos autorizados pela Igreja propiciam o avanço da medicina.

A invenção da imprensa pouco antes, faz com que o pensamento científico seja divulgado e a ciência acorda de um sono de quase mil anos.

A Cirurgia Plástica tem seu grande e novo impulso com o trabalho de Gaspare Tagliacozzi publicado em 1597 descrevendo reconstruções nasais, auriculares e labiais com transplante pediculado de membro superior, conhecido como retalho italiano.

A necessidade de reparações aumenta com o uso crescente das armas de fogo.

Ainda no século XVI, Ambroise Parré dá impulso à cirurgia propondo entre outras coisas, novas formas de tratamento para os ferimentos, praticando a ligadura das artérias em substituição à cauterização por azeite fervente como já fazia Giovanni de Vigo, foi ainda pioneiro nos processos de desarticulação do cotovelo e descreveu várias próteses braquias e faciais em “Dez livros de cirurgia” em 1564.

No século XVII salienta-se o tratamento das amputações e a proposta de James Yonge, cirurgião naval, fazendo retalhos de pele e músculo em substituição ao tradicional método circular nas amputações. Richard Wiseman descreveu múltiplos traumatismos faciais em seu livro “Several chirurgical treatises” em 1676.

No século XVIII o Ocidente toma conhecimento, por publicação, o retalho indiano, através do “Magazine of Gentleman”. Neste século a realização do retalho frontal popularizou-se na Europa e Estados Unidos.

No século XIX a cirurgia dá maior passo da sua história com a descoberta da anestesia geral em 1846 por Willian T.G. Morton, e da anti-sepsia por Lister em 1865. Neste momento o interesse dos cirurgiões volta-se para o que até então era mais difícil de ser tocado, a cavidade abdominal. A anestesia aumenta a possibilidade e a anti-sepsia a margem do êxito.

Nesse século a Cirurgia Plástica não teve o mesmo avanço da cirurgia geral, mas salienta-se pela descrição de transplantes livres de pele (Reverdin, Ollier, Thiersch, Wolfe, Krause) a partir de 1869, de gordura (Neuber, 1893) e de dígitos (Nicoladone, 1898).

Finalmente chegamos ao século XX que logo ao seu início vive um conflito mundial com armas jamais utilizadas na história da humanidade, deixando um saldo inusitado de mortos e mais de doze milhões de feridos, entre estes, muitos mutilados faciais.

Constata-se, então a necessidade de formar profissionais dirigidos para as reparações corporais. Assim, a partir da I guerra mundial, a Cirurgia Plástica oficializa-se como especialidade médica, sendo um de seus impulsores sir Harold Gillies, neo-zelandês, que na Inglaterra muito fez pela Cirurgia Plástica trabalhando com mutilados da guerra.

A existência de especialistas, a necessidade crescente, a anatomia dominada e o sucesso consolidado somam-se às mudanças socioculturais a partir da década de vinte, com a posição mais independente da mulher e a maior exposição corporal, pois enquanto antes, era apreciável a pele alva para não se parecer com um camponês, com a revolução industrial os trabalhadores internam-se nas fábricas passando eles a ter a pele clara, assim, como diferenciação, a cútis bronzeada passou a ser conceito de beleza. A cirurgia estética então avança a passos largos, incorporando-se à sociedade como recurso dos mais utilizados para obtenção de uma das finalidades primaciais da medicina: o bem estar do ser humano.

(O texto está no livro "O Alcance Atual da Cirurgia Plástica", Martire LJr., editora Astúrias, 2005)

Fonte: Sociedade Brasileira de História da Medicina