segunda-feira, 20 de julho de 2009

Resiliência

É uma palavra desconhecida por muitos mas de significado entendido por todos,com intensidades diferentes.

Foi em uma aula com o falecido Professor Dr Salvador Célia que comecei a prestar mais atenção nesta capacidade incrível do ser humano a "aprender a viver" suas vidas, mesmo diante de tantas catástrofes. Muitos devem se perguntar: "Como consegui passar por aquilo?" ou "Como fulano conseguiu?Se tivesse acontecido comigo eu não teria superado isso".


Diante desta palavra que hoje acordei pensando, resolvi escrever este Post meio "educativo sobre o subjetivo".

Resiliência é um termo proveniente da física que faz referência à capacidade que possui um corpo para recuperar sua forma original depois de suportar uma pressão. Ao ser incorporada a ciência do comportamento foi definida como a capacidade que o individuo possui para superar adversidades e sair fortalecido.

Resiliência não significa invulnerabilidade, nem impermeabilidade ao estresse. Está relacionada ao poder que a pessoa tem para enfrentar uma situação estressante e sair recuperada.É caracterizada como um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam ter uma vida saudável, até mesmo vivendo em um ambiente não saudável. Integrando ingredientes psicológicos, sociais, emocionais, cognitivos, culturais, éticos, entre outros. Envolve fatores de risco e de proteção. Os primeiros são os acontecimentos estressantes da vida, tais como a pobreza, as perdas afetivas, as enfermidades, o desemprego, as guerras, entre outros. Os fatores de proteção são as influências que modificam, melhoram ou alteram a resposta de uma pessoa frente a algum perigo que pode desencadear não adaptação. Entre estes, estão as relações parentais satisfatórias, fontes de apoio social disponíveis, auto-imagem positiva, crença ou religião, favorecimento da comunicação e colaboração na resolução de problemas.

A resiliência não é absoluta nem é adquirida. É uma capacidade que resulta de um processo dinâmico e evolutivo que varia conforme as circunstâncias; a natureza humana; o contexto e a etapa de vida, e cuja expressão varia de diferentes maneiras em diferentes culturas. É um processo, um vir a ser. Desta forma, não se deve falar de resiliência em termos individuais. Não se é menos resiliente, como se a pessoa possuísse um catálogo de qualidades. Desta forma, não é tanto a pessoa que é resiliente, mas sua evolução, o processo de sua historia vital individual.

Pessoas com capacidade de resiliência são mais resistentes, suas características de personalidade estão associadas a maiores níveis de afeto positivo e, menores de afeto negativo, respostas psicofisiológicas de estresse. Mostra maior tolerância à frustração e agem de diferentes formas. A primeira é a forma como percebem o estímulo estressante; percebendo estímulos estressantes como positivos e controláveis. A outra leva a um determinado estilo de enfrentamento com características que podem minimizar os efeitos do estímulo estressante facilitando estratégias mais adaptativas ou inibindo as menos adaptativas. Estas pessoas concebem e enfrentam a vida de uma forma mais otimista, entusiasta, são pessoas curiosas, abertas a novas experiências, caracterizadas por altos níveis de emoções positivas. Fazem frente a experiências traumáticas utilizando o bom humor, a exploração criativa e o pensamento otimista.

"...Pick up the pieces and go home..."
"...You live,you learn..."


Fontes:
Bowlby, J. (1990). Trilogia Apego e Perda. Volumes I e II. São Paulo. Martins Fontes
Grotberg, E. (1995) A guide to promoting resiliense in children: strengthening the human spirit.The International Resilience Project: Bernard Van Leer Foundation.

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