sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Mulheres e o estresse oxidativo

Tomar um copo de suco de laranja ou uma pílula de vitamina pela manhã pode ser mais importante para as mulheres que para os homens?

Ainda é prematuro afirmar, mas, por razões desconhecidas, os resultados de um novo estudo sugerem que as mulheres sofrem oxidação mais intensa - processo suspeito de aumentar o risco de doença cardíaca, derrame e vários outros distúrbios. Como contrapartida, a vitamina C e outras vitaminas antioxidantes poderiam neutralizar esse processo.

O estresse oxidativo resulta do acúmulo de radicais livres, substâncias que danificam as células. Essa forma de estresse pode ser provocada por elementos externos, como o consumo de cigarros, ou por fatores em nível celular.

Acredita-se que o dano causado pelo estresse oxidativo contribua para o envelhecimento e o surgimento de muitas doenças. Com a finalidade de avaliar a influência da oxidação sobre o desenvolvimento de doenças, muitos estudos grandes mediram a ingestão de antioxidantes como a vitamina C na dieta. Poucas pesquisas, porém, determinaram a extensão do dano oxidativo em seres humanos.

Esse foi justamente o objetivo da equipe de Gladys Block, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. No trabalho, os pesquisadores mediram o dano oxidativo em 298 adultos saudáveis, na faixa etária dos 19 aos 78 anos. A pesquisa incluiu a participação de 138 fumantes, 92 não-fumantes e 68 pessoas que relataram exposição ao fumo passivo.

A equipe de Block determinou os níveis sanguíneos de duas substâncias - o malondialdeído e os isoprostanos F2 -, subprodutos da oxidação de substâncias gordurosas (lipídios) e marcadores do dano oxidativo.

Com base nas taxas desses indicadores, os pesquisadores constataram que o dano oxidativo foi significativamente maior entre as mulheres que entre os homens, segundo artigo publicado no American Journal of Epidemiology. Na realidade, pertencer ao sexo feminino foi um indicador mais importante de dano oxidativo que o tabagismo.

A ocorrência de dano oxidativo em nível mais elevado entre as mulheres foi uma surpresa, e os pesquisadores não têm uma boa explicação para o fato. No princípio, a equipe supôs que a maior porcentagem de gordura corporal das mulheres pudesse ser a causa. No entanto, quando os cientistas levaram em consideração o índice de massa corporal (IMC) - proporção entre peso e altura -, as mulheres ainda apresentaram níveis mais elevados de oxidação.

A descoberta de níveis mais altos de estresse oxidativo em mulheres é particularmente interessante pois "elas correm um risco maior de desenvolver câncer de pulmão que os homens quando expostas a níveis semelhantes de fumaça de cigarro," informaram os autores.

Pessoas com níveis maiores da proteína C-reativa -- um marcador de inflamação associado à doença cardíaca -- também tenderam a apresentar estresse oxidativo mais intenso, de acordo com os pesquisadores.

Por outro lado, o estresse oxidativo foi menor entre os voluntários que consumiam mais frutas e entre aqueles com níveis sanguíneos mais elevados de vitamina C e de carotenóides - pigmentos encontrados em frutas e vegetais usados pelo organismo para produzir vitamina A, explicaram os autores.

O fumo, a idade, o consumo de álcool ou outros fatores associados à dieta não influenciaram os níveis de estresse oxidativo. Uma forma de vitamina E chamada alfa-tocoferol pareceu não produzir efeito sobre o estresse oxidativo, segundo o trabalho.

Fonte: Reuters Health - www.reutershealth.com

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